quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O pensamento intuitivo (dos 4 aos 7 anos)



Entre os 4 e os 7 anos, a criança desenvolve o pensamento intuitivo: a criança torna-se muito curiosa, tem consciência que sabe muita coisa mas não percebe como é que sabe o que sabe. Ela já não se contenta com as coisas que sabe, e quer saber porque é que as coisas são como são, tornando-se incansável a fazer perguntas de ‘porquê?’ e ‘como?’.
O seu raciocínio faz-se sobre informação concreta, tendo ainda dificuldade com informação mais abstracta.
Embora, a criança comece a distinguir a parte do todo e as relações hierárquicas, ainda tem dificuldade em colocar os objectos em mais do que uma classe; assim, pode dizer que não quer fruta, mas sim uma banana, por ter dificuldade em inserir a banana na categoria mais abrangente da fruta. Nesta fase, quando a criança classifica objectos em categorias, tende a centrar a sua atenção numa única característica; por exemplo, quando tem que juntar os legos, ela junta os legos que têm a mesma forma, ou a mesma cor, deixando os restantes de fora.
Ela ainda não tem a noção de conservação do número e da quantidade. Por exemplo, se mostrar dois copos idênticos com a mesma quantidade de água, o seu filho consegue dizer que os copos têm a mesma quantidade de água, mas se deitar o conteúdo de um dos copos para outro mais estreito e alto, o seu filho passará a considerar que este último copo tem mais água, porque para resolver problemas baseia-se em características físicas, neste caso na aparência dos copos.
Da mesma maneira, se tiver duas linhas com o mesmo número de blocos iguais, mas numa os blocos estiverem um pouco mais espaçados do que na outra (pelo que uma linha é mais comprida), o seu filho tenderá a dizer que a linha mais comprida tem mais blocos porque baseia a sua resposta no comprimento da linha, ou seja nas características físicas, e não no número absoluto de blocos em cada uma. O seu raciocínio baseia-se naquilo que ele vê.
Há um desenvolvimento da memória. O seu filho consegue lembrar-se do que fez no fim de semana ou de eventos mais relevantes tais como festas de anos, visitas de estudo, etc. Já consegue memorizar os elementos principais de uma história, conseguindo recontá-la mantendo a sequência. Aprender e memorizar as coisas torna-se mais fácil se a informação for dada dentro de um contexto que tenha significado para a criança. Ele terá ainda dificuldade em memorizar listas ou informação isolada.
A linguagem pode estar muito desenvolvida, mas a compreensão e a memória verbal ainda apresenta algumas limitações. O seu discurso torna-se mais social e menos egocêntrico. Nesta idade, ele não consegue entender as razões por trás das regras de um jogo, mas entende simples regras, do que pode e não pode fazer, impostas pelo adulto.
Durante este período vai-se desenvolvendo a noção de tempo. Aos quatro anos, o conceito de tempo é de difícil compreensão, se os eventos não ocorrem imediatamente, então levam muito tempo a acontecer (se disser ao seu filho que vão fazer uma viagem daí a uma semana, é provável que ele todos os dias pergunte se é naquele dia que vão fazer a viagem). Entre os cinco e os sete anos começa a compreender os conceitos de presente, passado e futuro, mas relacionados com as coisas que lhe são familiares.
Aos quatro anos, o seu filho consegue organizar os objectos pela forma, cor e tamanho. Já sabe a sua idade, nome completo e onde mora. Já poderá desenhar um quadrado e algumas letras maiúsculas, possívelmente as do seu nome. O desenho da figura humana já é mais completo, com cabeça, corpo, braços e pernas e pode também desenhar mãos e dedos (poderá já desenhar cinco dedos). Já conhece as estações do ano e sabe as suas características.
Aos cinco anos, a criança compreende um objecto ou conceito na totalidade, mas nem sempre compreende a relação das partes com o todo. Já utiliza raciocínios simples e começa a entender relações de causa e efeito. Já desenha números e letras maiúsculas, e já pode começar a escrever alguns números, letras e pequenas palavras por si mesma. A sua imaginação continua a desenvolver-se, mas começam a distinguir melhor entre quando estão a fantasiar ou não.
Aos seis anos começa a desenvolver conceitos de quantidade, distância, área, tempo, peso, comprimento, etc. Consegue nomear os dias da semana por ordem. Consegue ordenar os objectos pelo tamanho. Diz o dia e o mês em que nasceu.


Como pode ajudar no desenvolvimento cognitivo do seu filho:
- Incentive-o a fazer pequenos puzzles, que desenvolvem a atenção, concentração e capacidade de classificação, trabalham as formas e o espaço. A resolução por tentativa e erro irá diminuindo há medida que ele começa a usar a capacidade de raciocínio para encontrar a posição correcta das peças.
- Os jogos de construção (Duplo Lego, blocos, etc) permitem trabalhar a noção de espaço, forma, tamanho, a associação e organização.
- Os jogos de associações – Loto, jogo de encontrar pares de imagens – ajudam a associar e a organizar e a desenvolver a memória.
- Façam jogos de memória, para desenvolver a atenção, concentração e memória. Por exemplo, coloque alguns objectos num tabuleiro e após um período de observação retira-se um objecto, tendo-se então que identificar o objecto que falta.
- Dê-lhe objectos para organizar, por exemplo botões, sementes, contas, etc., permitindo desenvolver a capacidade de ordenar, classificar, de acordo com a cor, forma ou tamanho, e promovendo a concentração.
- Incentive-o a usar instrumentos de medição: por exemplo, façam um bolo juntos, deixando-o trabalhar com a balança para medir os ingredientes; façam juntos medições com a fita métrica, ou com passadas, comparando diferentes distâncias.
- Aproveite todas as oportunidades para ir trabalhando os números e contas simples.
- Incentive-o a recontar as histórias que lhe lê. Será mais fácil para ele contar as histórias preferidas e que já ouviu mais vezes e que tenham imagens sugestivas.
- Elaborem um calendário semanal, com base em eventos que marquem-lhe o ritmo semanal (por exemplo, os dias em que tem ginástica, ballet, karaté, ida a casa dos avós, etc.), marcando também eventos especiais como festas de anos, viagens, etc., para trabalhar a noção de tempo.
- Divida conceitos e actividades em pequenas etapas, repita as actividades frequentemente e procure diferentes formas de apresentar o mesmo conceito.
- Assegure-se que as actividades são apropriadas para o seu nível de entendimento e evite que ele fique frustrado e/ou cansado com uma actividade.
- Elogie-o frequentemente pelos seus esforços e conquistas.

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