segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Os amigos (dos 4 aos 5 anos)


Aos quatro anos o vosso filho está ansioso por se tornar independente, mas pode alternar rapidamente de uma atitude muito confiante para uma grande timidez, pois ainda vê o mundo e o desconhecido como um lugar enorme e complicado. Por isso não se surpreendam se ele de repente necessitar de um abraço e um beijo tranquilizador. Vai precisar que lhe estabeleçam limites claros e uma rotina familiar (para além de muito carinho e amor) que lhe dêem segurança emocional para poder partir à descoberta e que o ajudem a gerir os seus sentimentos. Por esta altura, o vosso filho já se consegue separar de vocês por um certo tempo sem angústia.
Tem cada vez mais consciência das suas habilidades, preferências e compara-se com os outros. Sente-se orgulhoso dos seus próprios trabalhos e criações. Gosta muito de tudo o que seja novidade – novas pessoas, novos jogos, novos brinquedos, actividades e livros. O seu sentido de humor está mais desenvolvido, rindo-se de situações engraçadas.
Utiliza os desenhos e as brincadeiras para gerir melhor as emoções intensas - por exemplo, depois de ir ao hospital, ele pode reproduzir repetidamente a experiência nas suas brincadeiras.
Continua a aprender as situações que dão origem a certos sentimentos e a compreender que os outros podem reagir de forma diferente às mesmas situações. Começa a perceber que tem de explicar os seus sentimentos e intenções, porque as outras pessoas não sabem necessariamente o que ele está a pensar e a sentir. E também compreende que as outras pessoas têm pensamentos, experiências e sentimentos que são diferentes dos dele e começa a ter isso em consideração nas suas interacções com os outros. Assim pode demonstrar simpatia por outra criança que se magoe, esteja triste ou zangada, seja consolando-a ou emprestando um brinquedo. Mesmo quando magoa os sentimentos de outra criança (por exemplo, quando não deixa brincar com os seus brinquedos), emenda a sua atitude rapidamente quando lhe dizem que a criança se sente mal ou triste. Pode chorar ao ouvir histórias tristes.
Começa a tentar agradar as outras crianças (por exemplo, dizendo que a convida para a festa de anos). No entanto também pode tentar controlá-las e ainda ter algumas birras quando não consegue o que quer. Gosta de chocar os outros, podendo usar palavrões e outras palavras proibidas. Pode originar brigas e mostrar-se egoísta e impaciente com um irmão ou criança mais novos, mas já exprime as zangas ou descontentamentos mais verbal do que fisicamente. Já sugere formas de resolução dos conflitos com as outras crianças, embora ainda procure o apoio do adulto. Ao brincar com os amigos vai desenvolvendo importantes regras sociais, seja a saber partilhar, a esperar e a ceder a vez e a não magoar os sentimentos dos outros.


 O seu filho começa a ter um grupo de amigos cada vez maior e começa a desenvolver uma maior interacção e amizade com os colegas, gostando de brincar em grupo, mas já sabe quem são os companheiros preferidos nas brincadeiras (já escolhendo-os pela sua presença e qualidades) e já se refere a eles como os ‘melhores amigos’. No entanto as amizades nesta idade vão e vêm rapidamente, baseiam-se principalmente no tempo que estão juntos, podendo rejeitar facilmente um amigo se por alguma razão se zangaram. Embora goste de brincar com crianças de ambos os sexos, pode preferir brincar com crianças do mesmo sexo.
Pode começar a pedir para ir a casa dos colegas ou serem eles a ir a sua casa, e pode mesmo começar a pedir para dormir em casa dos amigos.
Já consegue explicar os jogos às outras crianças. Por vezes pode querer ser o líder da brincadeira e embora já aceite regras, gosta de as ir alterando à medida que brinca. Nesta idade, os papéis de cada um nos jogos de simulação já são mais definidos. Já consegue mais facilmente interagir e entrar numa brincadeira que está a decorrer entre outras crianças, dando a si mesmo um papel que deverá ser aceite pelas outras (por exemplo, ‘Olá, eu posso ser o avô que veio fazer uma visita!’).
Nesta idade algumas crianças têm amigos imaginários, com quem falam e brincam. Podem falar com ‘os amigos’ quando estão aborrecidos ou zangados, ou até culpá-los quando fizeram alguma coisa errada. Às vezes acontece quando a criança não tem outras crianças para brincar, mas em geral não é um motivo de preocupação, a não ser que a criança não seja capaz de se relacionar com outras crianças ou adultos.
O seu filho está a aprender que as outras pessoas não sabem o que ele está a pensar. Ele ainda confude a realidade com a fantasia, e tem uma grande imaginação, e pode contar pequenas ‘histórias’ que não correspondem bem à realidade. É normal nesta idade acusar outros por algo que fez ou mentir para se proteger.

O que podem fazer para encorajar o seu relacionamento:
- Façam um album de fotografias da família e dos amigos, com os avós, tios, primos, colegas da escola e outros amigos e vejam-no juntos enquanto vai-lhe contando pormenores das fotografias e em que contexto é que foram tiradas.
- Reserve diariamente um tempo para conversar com a sua filha, por exemplo nas viagens para casa ou à refeição, sobre o que se passou durante o dia na escola, incluindo assuntos sobre os colegas.
- Encoraje a sua filha a brincar com outras crianças. Pode convidar um colega da escola ou outras crianças conhecidas, com quem a sua filha queira brincar. Organize tudo com antecedência (deixe-a ajudá-la a planear o lanche e arrumem os brinquedos  preferidos que não necessitam de ser partilhados), mas deixe as crianças conduzirem as brincadeiras e as actividades; não controle mas faça sugestões se houver necessidade de gerir conflitos (mas deixando-os sempre tentar resolvê-los). Pode planear uma actividade de culinária (fazer bolos, bolachas, sumos ou preparar o lanche) ou actividades manuais.
- Leve o seu filho aos parques infantis e a outros locais onde possa interagir  com crianças da mesma idade.
- Se o seu filho contar-lhe um problema que tenha tido com algum colega, não precisa de dar‑lhe a solução, mas pode conversar com ele de forma a ajudá-lo a encontrá-la. Assim, ajuda-o a reflectir sobre as relações e a medir as consequências das suas acções, para ele e para os outros.
- Ao ler-lhe uma estória, pode ir perguntando sobre os sentimentos que os personagens estão a sentir, nomeadamente pelas expressões que apresentam nas imagens.
- Faça jogos com o seu filho, para ele aprender a partilhar e a ceder a vez.
- Elogie o seu filho quando ele age bem e faz uma coisa certa. Deixe-o ajudá-lo nas tarefas do dia-a-dia, agradecendo-lhe a ajuda. Desta maneira está a ensinar-lhe a ser cooperativo e prestável.
- Não ceda se o seu filho fizer uma birra ou agir agressivamente para conseguir o que quer. Normalmente é uma forma de chamar a atenção. Tente não gritar ou reagir de uma forma muito intensa.

a importância de imitar adultos (dos 4 aos 5 anos)

                                    Shutterstock

Imitar os adultos é uma das brincadeiras favoritas do seu filho nesta idade. Fazem o que eles fazem, vestem-se e agem como eles. É natural que imitem os pais, as pessoas e figuras que mais próximas estão de si, ajudando no processo de identificação da criança e do mundo.
Frequentemente, a criança adopta uma determinada postura ou estatuto numa brincadeira, porque é aquilo que ela realmente desejava ser. Não é por acaso que uns preferem fazer-se passar por médicos e brincar sob este cenário, e outros preferem fingir que são cantores de uma banda rock famosa. É muito comum vermos uma criança vestida com o vestido da mãe, pintar-se como ela, colocar a sua mala e adoptar a sua maneira de andar.
O faz-de-conta é uma actividade que desencadeia o uso da imaginação criadora. Pelo faz-de-conta a criança pode reviver situações que lhe causam excitação, alegria, medo, tristeza, raiva e ansiedade.
O seu filho gosta de participar da rotina da casa, torna-o mais confiante. Deixe-o ajudar na cozinha, nas limpezas da casa, estabelecendo primeiro as regras de segurança (explique-lhe que não pode aproximar-se do fogão, tem que ter cuidado com as facas, etc.). É provável que o seu interesse se dirija principalmente para as actividades ‘proibidas’ e você pode tirar proveito disso para organizar um evento bem animado, transformando a criança em auxiliar de ´chef'.
Sendo pais temos de ter certos cuidados com o que fazemos diariamente, pois somos nós os principais exemplos para os nossos filhos.
As crianças estão numa altura de desenvolvimento e de aprendizagem. A sua personalidade está a ser construída através do que se passa a seu redor.
Tudo o que fizer, ela irá ver atentamente e irá tentar imitar a todo o custo, sendo bom ou mau, pois ela ainda não tem a capacidade para diferenciar esse tipo de atitudes.

Como podemos ver, existem crianças que descriminam as restantes, por vários motivos, isso por terem o exemplo dos pais ou dos familiares.
Pelo simples facto das crianças estarem a desenvolver as suas capacidades e  quererem tornar-se adultos tal como os seus pais, não só por eles serem um exemplo, mas porque a seu ver são os seus heróis, elas irão querer ser exactamente tal como eles e por isso seguir os seus passos.
Aqui vai um vídeo a mostrar o quanto são importantes as nossas atitudes para eles, e o quanto eles são influenciadas por isso.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A percepção (dos 3 aos 4 anos)

A criança de 3 anos está ansiosa para conhecer e experimentar o espaço que a rodeia. Ela vê, toca, saboreia, cheira e ouve tudo.
A percepção é o processo de organização e interpretação dos estímulos que são obtidos pelos orgãos dos sentidos. Aos três anos o vosso filho consegue combinar facilmente a informação que recebe dos sentidos, de forma a interactuar com o ambiente que o rodeia.
Brincar no espaço exterior é muito importante para o desenvolvimento da percepção. Os sons, vistas, cheiros e texturas da natureza são muito estimulantes nesta idade.
Também nesta idade já tem mais cuidado com objectos frágeis e anda deliberadamente mais devagar ao transportar objectos que possam entornar (por exemplo um copo com água).





O vosso filho usa a visão para coordenar actividades de motricidade fina e faz juízos sobre elas. Já consegue pintar um desenho simples, copiar e desenhar formas simples (círculo, quadrado, cruz e linhas na diagonal) e combinar figuras, produzindo desenhos mais complexos. Já identifica as cores comuns.
Ele já consegue continuar uma sequência, seguindo um determinado padrão. A memória visual já é maior, permitindo-lhe identificar um objecto perdido, identificar semelhanças e diferenças entre objectos e descrever objectos ou ambientes familiares.
Apresenta maior capacidade de localizar um objecto específico do fundo em que se insere, ou seja, ignorar o segundo plano, facilitando a manipulação e a construção com blocos e a resolução de puzzles.
A percepção da profundidade, ou seja, a capacidade de ajuizar distâncias em relação à sua posição, é maior (por exemplo, subirá mais lentamente à medida que se aproxima do cimo das escadas de um escorrega), embora frequentemente ainda cometa erros.

Para desenvolver a percepção visual:
- explique e desenhe diversas formas para ele identificar e tentem encontrar objectos com formas semelhantes à vossa volta;
- desenhe figuras incompletas ou comece uma sequência num desenho (por exemplo utilizando formas e cores) e peça-lhe para completar;
- façam jogos de imagens (encontrar o intruso numa determinada sequência de imagens; encontrar imagens iguais - jogo da memória, etc.);
- ao ler-lhe estórias, peça-lhe para identificar nas imagens pormenores do que lhe lê;
- façam jogos de cores (quem encontra uma coisa laranja?);
- peça-lhe ajuda para pôr ou tirar a roupa da máquina de lavar e descobrir pares de meias;
- façam pequenos puzzles juntos, brinquem com blocos e com legos;
- sejam exploradores: com uma lupa vão para um parque e observem insectos, folhas, flores, encorajando a criança a observar com atenção aquilo que encontra e a dizer o que vê (podem levar um bloco para registarem o que vêem – com desenhos ou notas);
- deixe-o vestir-se e despir-se sozinho, abrir e fechar fechos de correr (ainda não conseguirá juntar e separar os fechos), calçar-se e apertar velcros; treinar a apertar e desapertar botões (além da percepção visual, trabalha a percepção táctil, a motricidade fina e a coordenação visual-motora);
- deixe-o praticar a usar a tesoura, ajudando a desenvolver a coordenação visual-motora.





A percepção táctil é a capacidade do cérebro de entender o que a pele está a sentir. Nesta idade, as mãos tornam-se mais ágeis e já consegue identificar objectos familiares através do tacto. O tacto continua a ser um sentido muito importante: para ‘verem’ qualquer coisa, tendem a tocar-lhe ou a pegar-lhe.

Para desenvolver a percepção táctil (e ao mesmo tempo desenvolver a motricidade fina):
- Dê-lhe plasticina ou outro material de modelagem;
- Façam pinturas com as mãos (utilizando as tintas próprias);
- Façam colares de contas (as contas devem ser grandes e, se possível, com diferentes formatos e/ou texturas e materiais);
- Coloque objectos familiares dentro de um saco ou caixa e peça-lhe para os descrever e depois identificar (escolha objectos com diferentes texturas e durezas);
- Deixe-a sentir diferenças de temperatura: água fria, morna, pouco quente, gelo;
- Deixe-a andar descalça em diferentes ambientes (lama, água, areia, terra, madeira, etc.), contando depois o que sentiu;
- Vamos fazer o jantar – Pizza! Deixe-a fazer desenhos na pizza: dê-lhe bocados de tomate, pimento, queijo, milho, fiambre, etc. e deixe-a espalhar os ingredientes na base de pizza para criar um desenho.




 A percepção auditiva é a capacidade do cérebro interpretar e criar uma impressão clara dos sons. Nesta idade as aptidões musicais aumentam e a capacidade para ouvir sons altos é menor.

Para desenvolver a percepção auditiva:
- Parem um pouco em silêncio e ouçam os sons que vos rodeiam; ao ar livre ouçam os sons dos animais, do vento, da chuva, das ondas do mar, etc.
- Ouçam diferentes tipos de música, de forma a que a vossa filha desenvolva o gosto musical, e incentive-a a dançar;
- Cante cantigas e rimas que envolvam acções; 
- Ensine-lhe sons associados a animais e objectos familiares e imitem-os;
- Batam em diferentes objectos, para verem as diferenças de som;
- Converse com a sua filha com intensidades diferentes (baixo, alto, etc.);
- Leia ou conte estórias;
- Toquem instrumentos musicais. Podem fazer os vossos próprios instrumentos (por exemplo, embalagens de iogurte e arroz ou feijão transformam-se em maracas; um balão bem esticado e preso com elástico num tubo de cartão dá um tambor)

Jogo: Tic tac onde está o relógio
Material: relógio com mecanismo audível
O bebé está a dormir e o despertador está marcado para tocar dentro de 5 minutos. Depressa, usa os ouvidos, procura o tic tac do relógio e encontra-o antes que toque e acorde o bebé.
O relógio deve ser posto a trabalhar e escondido no quarto, sem estar visível, mas deve ser audível quando as crianças se aproximarem dele.



Em relação à percepção olfactiva, aos 3 anos as crianças parecem ter preferências e aversões olfactivas idênticas às do adulto, com excepção do cheiro do cocó que não parecem achar agressivo.
A importância dos cheiros na construção de relações interpessoais continua a fazer-se sentir nesta idade, e a sua filha provavelmente conseguirá identificar uma roupa que foi vestida pela mãe. O olfacto está muito ligado às memórias e emoções.

Para desenvolver a percepção olfactiva:
- apresente-lhe diferentes plantas aromáticas picadas e leve-a a passear em jardins ou hortas onde ela possa tentar associar os cheiros;
- deixe-a ajudar na cozinha (ela vai adorar ajudar a preparar a sopa) e incentivem-a a cheirar os alimentos crus e depois de cozinhados, nomeadamente legumes, frutos, ervas aromáticas, especiarias, etc. e a dizer se gosta ou não do cheiro;



No que se refere à percepção gustativa, a maioria das crianças nesta idade prefere os sabores doces, salgados e gordos, e é frequente rejeitar os amargos, azedos e picantes. Nesta idade é normal preferirem os sabores que lhe são mais familiares e não quererem experimentar novos sabores (primeiro têm que se familiarizar com as características da comida: aspecto visual, textura, cheiro e sabor).

Para desenvolver a percepção gustativa:
- Dê-lhe a provar alimentos com diferentes texturas (sólidos, líquidos, crocantes, macios, duros, etc.) e a diferentes temperaturas; alimentos da mesma cor, mas sabores diferentes (por exemplo, sal, açucar, farinha)
- Joguem ao jogo da Cobra cega: que alimento é esse? Com os olhos vendados, se ela não se importar, dê-lhe alimentos (fruta e legumes cozidos ou crus) para identificar pelo cheiro, pelo paladar e pelo tacto;
- Façam bolos e bolachas juntos: ensine-a a partir os ovos, a deitar os ingredientes, a mexer a massa, deixando-a provar os vários ingredientes e as diversas etapas da massa, e no final ela vai adorar rapar a tigela.


sábado, 7 de janeiro de 2012

A evolução da postura e a descoberta do tempo pela criança dos 3 aos 4 anos

A actividade motora nas crianças tem no seu conceito características que para além de serem complementos na formação de qualquer criança, são inerentes à formação geral da componente motora. Assim qualquer criança necessita de se mover, correr, saltar, jogar, faz parte do conhecimento das possibilidades do seu próprio corpo e do espaço que a rodeia. É uma idade de notório enriquecimento das aptidões motoras, quer em qualidade quer em quantidade, no entanto será apropriada uma educação física básica de cariz simplista.




O aumento da autonomia, e com ela alguma tentativa de independência, vai despertá-los para a noção do tempo, principalmente as crianças que iniciam uma nova etapa nas suas vidas, a entrada no jardim de infância. A noção de existir um horário a cumprir (o despertar, ir para a creche, e nesta os tempos das actividades e os tempos de repouso, os períodos das refeições) será uma das primeiras regras da vida em sociedade, o respeitar de horários e assim desenvolvem noções básicas de responsabilidade.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lateralidade (dos 3 aos 4 anos)

A lateralidade, definida como a predominância motora de um dos lados do corpo sobre o outro, ainda não está definitivamente estabelecida aos 3 anos, embora já possa haver um predomínio lateral. Assim, o vosso filho pode já mostrar uma preferência pelo uso de uma das mãos, mas também pode ser ambidestro, ou seja os dois lados do corpo terem  uma habilidade semelhante para fazer coisas, podendo diminuir à medida que se aproxima dos 4 anos. A lateralidade só ocorre definitivamente entre os 6 e os 8 anos.
O lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e mais rapidez, sendo ele que inicia e executa a acção principal e o outro lado auxilia.
A lateralidade manifesta-se não só nos membros superiores e inferiores, mas também no olho e ouvido; se a dominância não é a mesma em todos eles, há uma lateralidade cruzada. Para detectar a lateralidade na mão, pé e/ou olho do vosso filho podem observar quando ele realiza acções no dia-a-dia, por exemplo, a vestir-se, a jogar com um balão ou à bola, quando espreita por uma fechadura, abre ou fecha uma garrafa, salta ao pé coxinho, folheia um livro, etc..
É importante ajudarem o vosso filho a definir a sua lateralidade de forma correcta. Assim se a criança manifestar uma predominância claramente definida, deverão ajudá-la a desenvolver a sua lateralidade natural em todas as situações do quotidiano, não devendo nunca interferir ou modificá-la.
A definição da lateralidade e a discriminação de direita e esquerda, vão ajudar a perceber os movimentos do corpo no espaço e no tempo. Ajudam a perceber a posição do corpo em relação a determinado objecto. Isto permite usar a sua orientação e localização para actuar com o espaço envolvente.

Com jogos podem ajudar a vossa filha a tomar consciência da facilidade ou dificuldade de movimento de determinada parte do seu corpo.
Por exemplo, fazer jogos de obstáculos, percorrendo os obstáculos em ziguezague; saltar de arco em arco a correr.



Joguem à bola com a vossa filha, encorajando-a a dar pontapés, alternando os pés, ou atirando com as mãos e apanhando a bola. As bolas de praia ou bolas que não sejam duras são mais fáceis para ela.
Também podem jogar ao jogo do balão, em que se dá toques sucessivos num balão, com uma mão e depois com a outra, sem deixar cair; enfiar a bola ou o balão numa ‘baliza’, alternando as mãos.

Jogo: Escultura corporal
O seu filho vai fazer uma escultura corporal: ele deve mover o corpo do parceiro (você) segundo as indicações que este lhe der – por exemplo, ‘pega numa mão e coloca-a sobre o ombro; a outra mão sobre o outro ombro’, sendo sempre mantida a posição. No final de algumas indicações ficamos com uma linda estátua! Depois troquem de posiçoes (pode-se também fazer uma estátua com mais pessoas).
O que o seu filho aprende: Este jogo ajuda a trabalhar o esquema corporal, trabalhar a lateralidade, aprender a dar e receber instruções, trabalhar movimento vs parado.

Jogo: Separar sementes
Espalhar, por exemplo, diferentes variedades de feijão. Só com uma mão vão fazer montinhos de sementes iguais. Mudar de mão. Pode também ser meter e tirar pequenos objectos de um frasco ou caixa, etc..
O que o seu filho aprende: Este jogo ajuda a trabalhar a lateralidade, a coordenação óculo motora

Motricidade global (dos 3 aos 4 anos )


Dos 3 aos 4 anos, o vosso filho irá adquirindo um maior controlo e equilíbrio quando anda, corre, trepa, pula, salta, dança e pedala. Ele conseguirá saltar pequenos degraus ou objectos e subir e descer escadas usando os dois pé alternadamente. Ele vai ser capaz de andar segundo uma linha recta, contornar rapidamente obstáculos, correr em passo rápido e alterar a velocidade de corrida, facilmente mudar de direcção e parar. Nesta idade também conseguirá andar em bicos dos pés ou recuar. Já se consegue equilibrar em cima de um muro baixo.
O vosso filho consegue atirar uma bola parada com os pés, mesmo aproximando-se a correr, mas ainda tem uma certa dificuldade em apanhá-la. Consegue apanhar uma bola grande com as duas mãos e atirar uma bola parada.
Já consegue coordenar os movimentos para aprender a andar de baloiço sozinho.
É importante que ele possa realizar estas actividades em locais seguros e com supervisão.
As crianças nesta idade são incansáveis, não param um momento, e não se apercebem quando estão a cansar-se demasiado, e ficam completamente esgotadas se não tiverem actividades mais calmas para contrabalançar.

Motricidade global - como podem ajudar (dos 3 aos 4 anos)

Garantam que o vosso filho passa muito tempo ao ar livre e tenha espaço para correr, brincar e trepar. Trepar às árvores, andar de bicicleta e brincar nos parques infantis promove o equilíbrio, a coordenação e a percepção do espaço. Escalar é muito bom para estimular o sentido da lateralidade, a confiança e o equilíbrio. Na praia pode subir as rochas e saltar de umas pedras para as outras.
Incentive a sua filha a andar de bicicleta ou de triciclo, aconselháveis para a sua idade, tamanho e perícia, em espaços abertos e amplos. A partir dos três anos o equilíbrio e coordenação estão mais desenvolvidos, permitindo que ande de bicicleta com rodinhas com mais à vontade, desviando-se dos obstáculos e conseguindo travar quando necessário. Ao escolher um modelo é importante que a sua filha consiga apoiar os pés no chão para aumentar a confiança e se equilibrar com mais facilidade.
No parque infantil encorajem o vosso filho a usar os vários equipamentos. Ele adora desafios: proponham-lhe um circuito com algumas tarefas e contem o tempo que ele leva a realizá-lo – estará a trabalhar a percepção do espaço, do tempo e a memória.


Incentivem a vossa filha a movimentar-se de diferentes formas, fazendo vocês também, para ela compreender e tornar o jogo mais divertido.

Pode ser, por exemplo, imitar o movimento dos animais - rastejar como a cobra, saltar como o coelho, a rã ou o canguru, andar como o caranguejo, trotar ou galopar como o cavalo, gatinhar e espreguiçar-se como o gato, bambolear-se como um pato, esvoaçar em bicos de pé como uma ave, etc..
Saltar de pés juntos e ao pé coxinho (as mais novas podem precisar de alguma ajuda ou de agarrar-se a algo; incentive-a a saltar com os dois pés, para trabalhar os dois lados do corpo, embora seja natural que tenha mais tendência e consiga saltar melhor com um dos pés).
Incentivem-a a mover-se a diferentes ritmos, por exemplo lento/rápido, marcando o ritmo com palmas ou música. Dancem juntos. Usem diferentes ritmos, para ajudar na percepção do tempo e do ritmo.

Jogo: Escultura corporal
Dancem ao som da música. Sempre que interromper a música, deverão ficar parados tomando uma postura de estátua. A postura poderá ser livre ou poderá ter que imitar a postura do líder.
O que o seu filho aprende: Este jogo ajuda a trabalhar o esquema corporal, a percepção espacial, o movimento vs parado, o ritmo, a lateralidade


Jogo: Passar por baixo da ponte
Material: peças de lego.
Construa com a sua filha uma ponte com legos duplos com largura suficiente para ela (e para os pais) passarem e, se possível, com altura suficiente para ela passar em pé. Aproveite para associar cores aos pilares da ponte – por exemplo, três amarelas (e conte com ela!), depois mais três azuis e assim sucessivamente.
O jogo consiste em passar por baixo da ponte, sem a deitar abaixo. A cada passagem vai-se baixando a ponte, tirando três peças de cada vez, até ao máximo que conseguirem. Sempre que for necessário, vá dando indicações que a ajudem a tomar consciência das diferentes partes do corpo e que a ajudem a passar (e incentive-a a fazer o mesmo para si).
Pode também ir alterando a forma de passar: às arrecuas, deitada de costas, etc.
O que a sua filha aprende: este jogo permite trabalhar o esquema corporal e as relações espaciais.


Vamos contar estórias!
Conte-lhe estórias que possam ser encenadas. Por exemplo, estórias onde imitem o movimento de diferentes animais ou que a façam movimentar de formas diferentes e com ritmos diferentes como acontece, por exemplo, no ‘O Cuquedo’ de Clara Cunha ou ‘Vamos à caça do urso’ de Michael Rosen.
Ou, por exemplo, uma ida ao pomar apanhar maçãs com um cesto e fazer um piquenique (ver vídeo). Numa mão levamos o cesto, com a outra apanhamos as maçãs; que cansado está este braço por levar o cesto! Vamos trocar de braço - agora apanhamos as maçãs com a outra mão (para trabalhar a lateralidade). 



Os jogos tradicionais como a apanhada, as escondidas, macaquinho do chinês, os cinco cantinhos, a macaca, etc., permitem desenvolver a percepção do espaço, trabalhar movimento vs posições de parado, além de serem jogos com regras reduzidas e simples apropriadas a esta idade.
Para promover o equilíbrio incentive-a a andar numa linha recta, por exemplo sobre uma corda esticada, em muros baixos, nos lancis do passeio, nas traves de equilíbrio que existem nos parques, a dar pequenos saltos sobre obstáculos.

Motricidade fina - dos rabiscos à imagem ( dos 3 aos 4 anos)



O desenho das crianças evolui com a idade e não se rege pelos padrões estéticos dos adultos. A evolução é semelhante na maioria das crianças, estando, no entanto, dependente de diferenças individuais de temperamento e sensibilidade, bem como da estimulação e reforço que são dados pelas pessoas que a rodeiam.
Os rabiscos vão-se tornando construções cada vez mais ordenadas e definidas e, por volta dos 3 / 4 anos, surgem os primeiros símbolos e formas isoladas. A criança desenvolve a intenção de criar imagens, integrando percepção e imaginação. Nesta fase surge o desenho da figura humana (cabeça, pernas e braços) que vai evoluindo à medida que se desenvolve o esquema corporal. As cores começam a desempenhar um papel mais relevante. Começam, também, a surgir as paisagens, muitas vezes antropomórficas (com características humanas, como por exemplo, o sol com olhos e boca).




 O desenho está também muito ligado à escrita, uma vez que a escrita é uma parte atraente do mundo dos adultos e desperta na criança um grande fascínio. Muito cedo a criança tenta imitar a escrita dos adultos. 
A Preensão Tripé  é o estágio inicial da movimentação fina (3 dedos).  Aos 3-4 anos, a criança consegue  segurar  um lápis, marcador ou pincel com as pontas dos dedos, em vez da palma da mão.