segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Os amigos (dos 4 aos 5 anos)


Aos quatro anos o vosso filho está ansioso por se tornar independente, mas pode alternar rapidamente de uma atitude muito confiante para uma grande timidez, pois ainda vê o mundo e o desconhecido como um lugar enorme e complicado. Por isso não se surpreendam se ele de repente necessitar de um abraço e um beijo tranquilizador. Vai precisar que lhe estabeleçam limites claros e uma rotina familiar (para além de muito carinho e amor) que lhe dêem segurança emocional para poder partir à descoberta e que o ajudem a gerir os seus sentimentos. Por esta altura, o vosso filho já se consegue separar de vocês por um certo tempo sem angústia.
Tem cada vez mais consciência das suas habilidades, preferências e compara-se com os outros. Sente-se orgulhoso dos seus próprios trabalhos e criações. Gosta muito de tudo o que seja novidade – novas pessoas, novos jogos, novos brinquedos, actividades e livros. O seu sentido de humor está mais desenvolvido, rindo-se de situações engraçadas.
Utiliza os desenhos e as brincadeiras para gerir melhor as emoções intensas - por exemplo, depois de ir ao hospital, ele pode reproduzir repetidamente a experiência nas suas brincadeiras.
Continua a aprender as situações que dão origem a certos sentimentos e a compreender que os outros podem reagir de forma diferente às mesmas situações. Começa a perceber que tem de explicar os seus sentimentos e intenções, porque as outras pessoas não sabem necessariamente o que ele está a pensar e a sentir. E também compreende que as outras pessoas têm pensamentos, experiências e sentimentos que são diferentes dos dele e começa a ter isso em consideração nas suas interacções com os outros. Assim pode demonstrar simpatia por outra criança que se magoe, esteja triste ou zangada, seja consolando-a ou emprestando um brinquedo. Mesmo quando magoa os sentimentos de outra criança (por exemplo, quando não deixa brincar com os seus brinquedos), emenda a sua atitude rapidamente quando lhe dizem que a criança se sente mal ou triste. Pode chorar ao ouvir histórias tristes.
Começa a tentar agradar as outras crianças (por exemplo, dizendo que a convida para a festa de anos). No entanto também pode tentar controlá-las e ainda ter algumas birras quando não consegue o que quer. Gosta de chocar os outros, podendo usar palavrões e outras palavras proibidas. Pode originar brigas e mostrar-se egoísta e impaciente com um irmão ou criança mais novos, mas já exprime as zangas ou descontentamentos mais verbal do que fisicamente. Já sugere formas de resolução dos conflitos com as outras crianças, embora ainda procure o apoio do adulto. Ao brincar com os amigos vai desenvolvendo importantes regras sociais, seja a saber partilhar, a esperar e a ceder a vez e a não magoar os sentimentos dos outros.


 O seu filho começa a ter um grupo de amigos cada vez maior e começa a desenvolver uma maior interacção e amizade com os colegas, gostando de brincar em grupo, mas já sabe quem são os companheiros preferidos nas brincadeiras (já escolhendo-os pela sua presença e qualidades) e já se refere a eles como os ‘melhores amigos’. No entanto as amizades nesta idade vão e vêm rapidamente, baseiam-se principalmente no tempo que estão juntos, podendo rejeitar facilmente um amigo se por alguma razão se zangaram. Embora goste de brincar com crianças de ambos os sexos, pode preferir brincar com crianças do mesmo sexo.
Pode começar a pedir para ir a casa dos colegas ou serem eles a ir a sua casa, e pode mesmo começar a pedir para dormir em casa dos amigos.
Já consegue explicar os jogos às outras crianças. Por vezes pode querer ser o líder da brincadeira e embora já aceite regras, gosta de as ir alterando à medida que brinca. Nesta idade, os papéis de cada um nos jogos de simulação já são mais definidos. Já consegue mais facilmente interagir e entrar numa brincadeira que está a decorrer entre outras crianças, dando a si mesmo um papel que deverá ser aceite pelas outras (por exemplo, ‘Olá, eu posso ser o avô que veio fazer uma visita!’).
Nesta idade algumas crianças têm amigos imaginários, com quem falam e brincam. Podem falar com ‘os amigos’ quando estão aborrecidos ou zangados, ou até culpá-los quando fizeram alguma coisa errada. Às vezes acontece quando a criança não tem outras crianças para brincar, mas em geral não é um motivo de preocupação, a não ser que a criança não seja capaz de se relacionar com outras crianças ou adultos.
O seu filho está a aprender que as outras pessoas não sabem o que ele está a pensar. Ele ainda confude a realidade com a fantasia, e tem uma grande imaginação, e pode contar pequenas ‘histórias’ que não correspondem bem à realidade. É normal nesta idade acusar outros por algo que fez ou mentir para se proteger.

O que podem fazer para encorajar o seu relacionamento:
- Façam um album de fotografias da família e dos amigos, com os avós, tios, primos, colegas da escola e outros amigos e vejam-no juntos enquanto vai-lhe contando pormenores das fotografias e em que contexto é que foram tiradas.
- Reserve diariamente um tempo para conversar com a sua filha, por exemplo nas viagens para casa ou à refeição, sobre o que se passou durante o dia na escola, incluindo assuntos sobre os colegas.
- Encoraje a sua filha a brincar com outras crianças. Pode convidar um colega da escola ou outras crianças conhecidas, com quem a sua filha queira brincar. Organize tudo com antecedência (deixe-a ajudá-la a planear o lanche e arrumem os brinquedos  preferidos que não necessitam de ser partilhados), mas deixe as crianças conduzirem as brincadeiras e as actividades; não controle mas faça sugestões se houver necessidade de gerir conflitos (mas deixando-os sempre tentar resolvê-los). Pode planear uma actividade de culinária (fazer bolos, bolachas, sumos ou preparar o lanche) ou actividades manuais.
- Leve o seu filho aos parques infantis e a outros locais onde possa interagir  com crianças da mesma idade.
- Se o seu filho contar-lhe um problema que tenha tido com algum colega, não precisa de dar‑lhe a solução, mas pode conversar com ele de forma a ajudá-lo a encontrá-la. Assim, ajuda-o a reflectir sobre as relações e a medir as consequências das suas acções, para ele e para os outros.
- Ao ler-lhe uma estória, pode ir perguntando sobre os sentimentos que os personagens estão a sentir, nomeadamente pelas expressões que apresentam nas imagens.
- Faça jogos com o seu filho, para ele aprender a partilhar e a ceder a vez.
- Elogie o seu filho quando ele age bem e faz uma coisa certa. Deixe-o ajudá-lo nas tarefas do dia-a-dia, agradecendo-lhe a ajuda. Desta maneira está a ensinar-lhe a ser cooperativo e prestável.
- Não ceda se o seu filho fizer uma birra ou agir agressivamente para conseguir o que quer. Normalmente é uma forma de chamar a atenção. Tente não gritar ou reagir de uma forma muito intensa.

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