quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A percepção (dos 3 aos 4 anos)

A criança de 3 anos está ansiosa para conhecer e experimentar o espaço que a rodeia. Ela vê, toca, saboreia, cheira e ouve tudo.
A percepção é o processo de organização e interpretação dos estímulos que são obtidos pelos orgãos dos sentidos. Aos três anos o vosso filho consegue combinar facilmente a informação que recebe dos sentidos, de forma a interactuar com o ambiente que o rodeia.
Brincar no espaço exterior é muito importante para o desenvolvimento da percepção. Os sons, vistas, cheiros e texturas da natureza são muito estimulantes nesta idade.
Também nesta idade já tem mais cuidado com objectos frágeis e anda deliberadamente mais devagar ao transportar objectos que possam entornar (por exemplo um copo com água).





O vosso filho usa a visão para coordenar actividades de motricidade fina e faz juízos sobre elas. Já consegue pintar um desenho simples, copiar e desenhar formas simples (círculo, quadrado, cruz e linhas na diagonal) e combinar figuras, produzindo desenhos mais complexos. Já identifica as cores comuns.
Ele já consegue continuar uma sequência, seguindo um determinado padrão. A memória visual já é maior, permitindo-lhe identificar um objecto perdido, identificar semelhanças e diferenças entre objectos e descrever objectos ou ambientes familiares.
Apresenta maior capacidade de localizar um objecto específico do fundo em que se insere, ou seja, ignorar o segundo plano, facilitando a manipulação e a construção com blocos e a resolução de puzzles.
A percepção da profundidade, ou seja, a capacidade de ajuizar distâncias em relação à sua posição, é maior (por exemplo, subirá mais lentamente à medida que se aproxima do cimo das escadas de um escorrega), embora frequentemente ainda cometa erros.

Para desenvolver a percepção visual:
- explique e desenhe diversas formas para ele identificar e tentem encontrar objectos com formas semelhantes à vossa volta;
- desenhe figuras incompletas ou comece uma sequência num desenho (por exemplo utilizando formas e cores) e peça-lhe para completar;
- façam jogos de imagens (encontrar o intruso numa determinada sequência de imagens; encontrar imagens iguais - jogo da memória, etc.);
- ao ler-lhe estórias, peça-lhe para identificar nas imagens pormenores do que lhe lê;
- façam jogos de cores (quem encontra uma coisa laranja?);
- peça-lhe ajuda para pôr ou tirar a roupa da máquina de lavar e descobrir pares de meias;
- façam pequenos puzzles juntos, brinquem com blocos e com legos;
- sejam exploradores: com uma lupa vão para um parque e observem insectos, folhas, flores, encorajando a criança a observar com atenção aquilo que encontra e a dizer o que vê (podem levar um bloco para registarem o que vêem – com desenhos ou notas);
- deixe-o vestir-se e despir-se sozinho, abrir e fechar fechos de correr (ainda não conseguirá juntar e separar os fechos), calçar-se e apertar velcros; treinar a apertar e desapertar botões (além da percepção visual, trabalha a percepção táctil, a motricidade fina e a coordenação visual-motora);
- deixe-o praticar a usar a tesoura, ajudando a desenvolver a coordenação visual-motora.





A percepção táctil é a capacidade do cérebro de entender o que a pele está a sentir. Nesta idade, as mãos tornam-se mais ágeis e já consegue identificar objectos familiares através do tacto. O tacto continua a ser um sentido muito importante: para ‘verem’ qualquer coisa, tendem a tocar-lhe ou a pegar-lhe.

Para desenvolver a percepção táctil (e ao mesmo tempo desenvolver a motricidade fina):
- Dê-lhe plasticina ou outro material de modelagem;
- Façam pinturas com as mãos (utilizando as tintas próprias);
- Façam colares de contas (as contas devem ser grandes e, se possível, com diferentes formatos e/ou texturas e materiais);
- Coloque objectos familiares dentro de um saco ou caixa e peça-lhe para os descrever e depois identificar (escolha objectos com diferentes texturas e durezas);
- Deixe-a sentir diferenças de temperatura: água fria, morna, pouco quente, gelo;
- Deixe-a andar descalça em diferentes ambientes (lama, água, areia, terra, madeira, etc.), contando depois o que sentiu;
- Vamos fazer o jantar – Pizza! Deixe-a fazer desenhos na pizza: dê-lhe bocados de tomate, pimento, queijo, milho, fiambre, etc. e deixe-a espalhar os ingredientes na base de pizza para criar um desenho.




 A percepção auditiva é a capacidade do cérebro interpretar e criar uma impressão clara dos sons. Nesta idade as aptidões musicais aumentam e a capacidade para ouvir sons altos é menor.

Para desenvolver a percepção auditiva:
- Parem um pouco em silêncio e ouçam os sons que vos rodeiam; ao ar livre ouçam os sons dos animais, do vento, da chuva, das ondas do mar, etc.
- Ouçam diferentes tipos de música, de forma a que a vossa filha desenvolva o gosto musical, e incentive-a a dançar;
- Cante cantigas e rimas que envolvam acções; 
- Ensine-lhe sons associados a animais e objectos familiares e imitem-os;
- Batam em diferentes objectos, para verem as diferenças de som;
- Converse com a sua filha com intensidades diferentes (baixo, alto, etc.);
- Leia ou conte estórias;
- Toquem instrumentos musicais. Podem fazer os vossos próprios instrumentos (por exemplo, embalagens de iogurte e arroz ou feijão transformam-se em maracas; um balão bem esticado e preso com elástico num tubo de cartão dá um tambor)

Jogo: Tic tac onde está o relógio
Material: relógio com mecanismo audível
O bebé está a dormir e o despertador está marcado para tocar dentro de 5 minutos. Depressa, usa os ouvidos, procura o tic tac do relógio e encontra-o antes que toque e acorde o bebé.
O relógio deve ser posto a trabalhar e escondido no quarto, sem estar visível, mas deve ser audível quando as crianças se aproximarem dele.



Em relação à percepção olfactiva, aos 3 anos as crianças parecem ter preferências e aversões olfactivas idênticas às do adulto, com excepção do cheiro do cocó que não parecem achar agressivo.
A importância dos cheiros na construção de relações interpessoais continua a fazer-se sentir nesta idade, e a sua filha provavelmente conseguirá identificar uma roupa que foi vestida pela mãe. O olfacto está muito ligado às memórias e emoções.

Para desenvolver a percepção olfactiva:
- apresente-lhe diferentes plantas aromáticas picadas e leve-a a passear em jardins ou hortas onde ela possa tentar associar os cheiros;
- deixe-a ajudar na cozinha (ela vai adorar ajudar a preparar a sopa) e incentivem-a a cheirar os alimentos crus e depois de cozinhados, nomeadamente legumes, frutos, ervas aromáticas, especiarias, etc. e a dizer se gosta ou não do cheiro;



No que se refere à percepção gustativa, a maioria das crianças nesta idade prefere os sabores doces, salgados e gordos, e é frequente rejeitar os amargos, azedos e picantes. Nesta idade é normal preferirem os sabores que lhe são mais familiares e não quererem experimentar novos sabores (primeiro têm que se familiarizar com as características da comida: aspecto visual, textura, cheiro e sabor).

Para desenvolver a percepção gustativa:
- Dê-lhe a provar alimentos com diferentes texturas (sólidos, líquidos, crocantes, macios, duros, etc.) e a diferentes temperaturas; alimentos da mesma cor, mas sabores diferentes (por exemplo, sal, açucar, farinha)
- Joguem ao jogo da Cobra cega: que alimento é esse? Com os olhos vendados, se ela não se importar, dê-lhe alimentos (fruta e legumes cozidos ou crus) para identificar pelo cheiro, pelo paladar e pelo tacto;
- Façam bolos e bolachas juntos: ensine-a a partir os ovos, a deitar os ingredientes, a mexer a massa, deixando-a provar os vários ingredientes e as diversas etapas da massa, e no final ela vai adorar rapar a tigela.


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